12 de janeiro de 2015

Brasil, pátria educadora?




Recentemente, devido o anúncio da reempossada presidente da república Dilma Rousseff, sobre o seu novo lema de governo, há a existência de diversos posicionamentos referindo-se ao sentido de uma frase tão ampla e utópica como essa: Brasil, pátria educadora.



O Brasil, nos últimos anos, tem avançado em estratégias emergenciais de combate a fome e a pobreza, numa postura de atenção aos menos favorecidos economicamente. As políticas de distribuição de renda e o assistencialismo, necessário à sobrevivência de milhões de brasileiros, denotam justamente a necessidade de o Brasil repensar sobre o fenômeno educação, fonte de uma república ética, desenvolvida e igualitária.
Para pensar melhor sobre esse assunto é necessário compreender a palavra educação. A educação coincide com os conceitos de socialização, não sendo um adestramento de pessoas em relação a sua cultura e seus condicionamentos sociais. Nesse intento, ela precisa ser emancipadora, promovendo o homem e seu consequente comportamento na sociedade. Eis que já se encontra sepultado o modelo doutrinador da educação, muito expressivo no ditado popular “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” – embora não seja isso que temos encontrado em alguns representantes do legislativo brasileiro, das esferas de governo e dos núcleos de poder. Eles [os corruptos] discursam contra a corrupção no mesmo momento em que os bancos computam em suas contas os desvios a seu favor. Mas eles não são nosso modelo de educação, eles são justamente o contrário, o que se quer combater. Uma pátria educadora precisa falar de ética nas escolas, precisa ir além de um currículo que ensine apenas as técnicas para uma profissionalização.
Para esmiuçar esse lema de governo tão importante [Brasil, pátria educadora], lanço meus ideais enquanto protagonista da educação no país e falo à luz daquilo em que acredito. Se entendermos a educação como manancial, vamos concordar que uma pátria é um espaço de convivência bastante harmonioso quando as pessoas crescem conscientes daquilo que é necessário para ter qualidade de vida. Portanto, visualizo esse novo lema com as seguintes proposições: a palavra ‘Brasil’ nos traz a ideia de um país, uma política que valoriza os professores e cuida das diversas estruturas que favorecem o aprendizado. Já o termo ‘pátria’ fala de uma nação, de uma república, cujo lugar abriga e gera identidade cultural. ‘Educadora’ é a esperança, o projeto que se quer conquistar, o projeto que ofertará muito mais que as condições básicas de vida, mas também o acesso integral ao conhecimento e a promoção da autonomia sobre as circunstâncias econômica, social, solidária, cidadã, profissional, afetiva, familiar, política, ambiental e espiritual. Ressaltamos aqui: uma pátria educadora considera abusivo qualquer tipo de descriminação que ocorra entre os cidadãos de seu conjunto, não encontrando diferenças entre o Nordeste e o Sudeste, por exemplo.
Há quem fale da ousadia em colocar como slogan uma frase que possibilite tantos questionamentos e críticas, visto a situação atual do país no tocante a educação. Entendamos os slogans como um projeto, um ideal a se alcançar, igualmente o ORDEM E PROGRESSO que está estampado na nossa bandeira e cotidianamente é negado por tantos sujeitos que corrompem nossa história.
Todos os direitos sociais presentes na nossa constituição fluem a partir do acesso a uma educação de qualidade. A educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados muitas vezes ainda não acontecem porque toda a estratégia de governo que mobiliza essas ações está afetada pela ineficiência do egoísmo, da corrupção, da ignorância e do descaso. A educação, se não gera, mas facilita a promoção desses direitos geralmente desconhecidos de muitos cidadãos analfabetos de escrita, leitura, opinião e democracia.
A aposta, não é por ensinar o “bê a bá” nas escolas. Nossa fé é que o cidadão e a cidadã brasileira se encontre dentro de tal desenvolvimento humano, capaz de ter sempre respeito pelo seu semelhante, ousadia (autoestima) para enfrentar a vida, capacidade profissional e argumentativa, espírito solidário, amizade fraterna e uma projeção de sonhos enraizada pelas condições necessárias ao desenvolvimento humano. Não é nenhuma grande exigência para um país que possui mais de 500 anos e se tornou a 7ª economia mundial. A ética, fruto da educação, será o desafio que todos nós brasileiros temos que assumir como nosso, para que sejamos, em todas as nossas ações, pátria educadora.

Samuel Vieira Nunes é Licenciado em Artes Plásticas pela Universidade Estadual do Ceará - UECE. Atualmente cursa Especialização em Psicopedagogia Institucional pela Faculdade São Francisco da Paraíba - FASP e é Professor de Arte Educação e de Projeto de Vida na EEEP Deputado José Walfrido Monteiro em Icó/CE.  


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