Recentemente, devido o anúncio
da reempossada presidente da república Dilma Rousseff, sobre o seu novo lema de
governo, há a existência de diversos posicionamentos referindo-se ao sentido de
uma frase tão ampla e utópica como essa: Brasil, pátria educadora.
O Brasil, nos últimos anos,
tem avançado em estratégias emergenciais de combate a fome e a pobreza, numa
postura de atenção aos menos favorecidos economicamente. As políticas de
distribuição de renda e o assistencialismo, necessário à sobrevivência de
milhões de brasileiros, denotam justamente a necessidade de o Brasil repensar
sobre o fenômeno educação, fonte de uma república ética, desenvolvida e
igualitária.
Para pensar melhor sobre esse
assunto é necessário compreender a palavra educação. A educação coincide com os
conceitos de socialização, não sendo um adestramento de pessoas em relação a
sua cultura e seus condicionamentos sociais. Nesse intento, ela precisa ser
emancipadora, promovendo o homem e seu consequente comportamento na sociedade.
Eis que já se encontra sepultado o modelo doutrinador da educação, muito
expressivo no ditado popular “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” –
embora não seja isso que temos encontrado em alguns representantes do
legislativo brasileiro, das esferas de governo e dos núcleos de poder. Eles [os
corruptos] discursam contra a corrupção no mesmo momento em que os bancos
computam em suas contas os desvios a seu favor. Mas eles não são nosso modelo
de educação, eles são justamente o contrário, o que se quer combater. Uma
pátria educadora precisa falar de ética nas escolas, precisa ir além de um
currículo que ensine apenas as técnicas para uma profissionalização.
Para esmiuçar esse lema de
governo tão importante [Brasil, pátria educadora], lanço meus ideais enquanto
protagonista da educação no país e falo à luz daquilo em que acredito. Se
entendermos a educação como manancial, vamos concordar que uma pátria é um
espaço de convivência bastante harmonioso quando as pessoas crescem conscientes
daquilo que é necessário para ter qualidade de vida. Portanto, visualizo esse
novo lema com as seguintes proposições: a palavra ‘Brasil’ nos traz a ideia de
um país, uma política que valoriza os professores e cuida das diversas estruturas
que favorecem o aprendizado. Já o termo ‘pátria’ fala de uma nação, de uma
república, cujo lugar abriga e gera identidade cultural. ‘Educadora’ é a
esperança, o projeto que se quer conquistar, o projeto que ofertará muito mais
que as condições básicas de vida, mas também o acesso integral ao conhecimento
e a promoção da autonomia sobre as circunstâncias econômica, social, solidária,
cidadã, profissional, afetiva, familiar, política, ambiental e espiritual.
Ressaltamos aqui: uma pátria educadora considera abusivo qualquer tipo de
descriminação que ocorra entre os cidadãos de seu conjunto, não encontrando
diferenças entre o Nordeste e o Sudeste, por exemplo.
Há quem fale da ousadia em
colocar como slogan uma frase que possibilite tantos questionamentos e
críticas, visto a situação atual do país no tocante a educação. Entendamos os
slogans como um projeto, um ideal a se alcançar, igualmente o ORDEM E PROGRESSO
que está estampado na nossa bandeira e cotidianamente é negado por tantos
sujeitos que corrompem nossa história.
Todos os direitos sociais
presentes na nossa constituição fluem a partir do acesso a uma educação de
qualidade. A educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer,
a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a
assistência aos desamparados muitas vezes ainda não acontecem porque toda a
estratégia de governo que mobiliza essas ações está afetada pela ineficiência
do egoísmo, da corrupção, da ignorância e do descaso. A educação, se não gera,
mas facilita a promoção desses direitos geralmente desconhecidos de muitos
cidadãos analfabetos de escrita, leitura, opinião e democracia.
A aposta, não é por ensinar o “bê a bá” nas escolas. Nossa fé é que o cidadão e
a cidadã brasileira se encontre dentro de tal desenvolvimento humano, capaz de
ter sempre respeito pelo seu semelhante, ousadia (autoestima) para enfrentar a
vida, capacidade profissional e argumentativa, espírito solidário, amizade
fraterna e uma projeção de sonhos enraizada pelas condições necessárias ao
desenvolvimento humano. Não é nenhuma grande exigência para um país que possui
mais de 500 anos e se tornou a 7ª economia mundial. A ética, fruto da educação,
será o desafio que todos nós brasileiros temos que assumir como nosso, para que
sejamos, em todas as nossas ações, pátria educadora.
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Samuel Vieira Nunes é Licenciado em Artes Plásticas pela Universidade
Estadual do Ceará - UECE. Atualmente cursa Especialização em
Psicopedagogia Institucional pela Faculdade São Francisco da Paraíba -
FASP e é Professor de Arte Educação e de Projeto de Vida na EEEP
Deputado José Walfrido Monteiro em Icó/CE. | | |