20 de outubro de 2015

Três palpites para o tema da Redação Enem 2015 – e como abordá-los

Uma das maiores expectativas de quem vai fazer Enem é o tema da redação. Afinal, esta prova é decisiva para a colocação dos candidatos e o meio milhão de notas zero do ano passado ainda ecoa na cabeça de estudantes e professores.

Antes de tudo, vale levar em conta que não adianta muito ficar adivinhando os temas, pois a possibilidade de acertar “na mosca” é bastante remota. O que importa é dominar a estrutura de um texto dissertativo-argumentativo, desde o início até o final.

Na introdução, o candidato precisa oferecer um panorama geral do tema, mostrando a sua relevância. No desenvolvimento, o avaliador examinará se o candidato tem visão global, considerando os diversos aspectos da questão explorada, e se articula bem as ideias.

Por fim, cabe ao candidato apresentar uma proposta de intervenção social: como ele julga que esse problema pode ser resolvido ou encaminhado? A proposta deve ser factível e concreta.

Quem domina essa estrutura, é antenado com o que acontece no mundo e tem uma postura crítica certamente terá muito a dizer.

Posto isso, registro aqui, de todos modos, três palpites sobre os possíveis temas para a prova deste ano.

Liberdade de expressão

Minha primeira aposta vai para a liberdade de expressão. Foi uma discussão importante em 2015, sobretudo em face do ataque ao jornal satírico francês Charlie Hebdo, ocorrido em janeiro deste ano, que resultou na morte de 12 pessoas.

A proposta da redação pode pedir que o candidato analise se a liberdade de expressão deve ter limites ou se é permitido dizer tudo, mesmo ferindo os sentimentos e crenças dos demais.

A questão tem duas faces. Por um lado, a liberdade de expressão é garantida pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e qualquer tipo de censura da informação pode constituir uma ameaça aos valores que estão na base dessa liberdade.

Em contrapartida, os próprios documentos da ONU mencionam que a liberdade de expressão não dá direito a incitar a guerra, o preconceito ou o ódio. Ora, se não pode haver censura prévia, ao mesmo tempo há responsabilidades posteriores pelo que se diz. Tal fronteira, imposta por limites legais e morais, é decisiva para garantir o respeito pelos outros.

Redução da maioridade

Outro palpite vai para a redução (ou não) da maioridade penal. O que considerar? Sob uma perspectiva histórico-social, há dezenas de razões para não reduzir a maioridade: fixá-la em 18 anos é tendência mundial; os adolescentes infratores representam apenas 0,5% da população jovem do Brasil (e uma exceção não pode pautar uma lei); sem falar que as causas da violência e da desigualdade não se resolverão com a adoção de leis penais – seria tratar o efeito, e não a causa.

Por outro lado, há quem pondere que, aos 17 anos, o jovem já sabe o que faz e alguns optam conscientemente pela criminalidade. O Enem pode cobrar uma argumentação sobre esta polêmica, que foi uma das mais marcantes do ano no cenário nacional.

Olimpíadas no Brasil 2016

Por fim, correndo por fora, um terceiro tema pode ser o escolhido: as Olimpíadas no Brasil 2016: benefícios e desafios. Como garantir que esse evento deixe um legado real para a população? Para discutir o assunto, é pertinente que o candidato utilize indicadores de países que já tenham realizado um evento desse porte, além de demonstrar entendimento dos avanços concretos que podem reverter para o cidadão brasileiro.